Cinco cineastas, sendo três sul-mato-grossenses e duas paulistas, tiveram filmes selecionados para o ‘Olubayo – Cinema nas Comunidades Quilombolas’. O projeto oferecerá sessões cinematográficas gratuitas entre fevereiro e abril deste ano em nove comunidades quilombolas de Mato Grosso do Sul.
As produções selecionadas de MS, seguidas da direção:
- "Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha" – Daphyne Schiffer;
- "Luzes Debaixo" – Tero Queiroz;
- "Águas" – Raylson Chaves.
As produções selecionadas de SP, seguidas da direção:
- "Fábula de Vó Ita" – Joyce Prado;
- "Bonita" – Mariana França.
Todas os filmes foram produzidos por cineastas negros. Eis imagens dos selecionados (clique na imagem para melhor visualização):
‘OLUBAYO’
O nome "Olubayô", originado da língua Yorubá, significa "maior alegria", e reflete a proposta do projeto de levar momentos de cultura e alegria às comunidades quilombolas.
Idealizado por Bartolina Ramalho Catanante, a professora Bartô, presidenta do Grupo de Estudos e Trabalho Zumbi (TEZ), o projeto ‘Olubayo’ celebra os 40 anos do TEZ. “O critério mais marcante na seleção dos filmes foi a questão da linguagem cinematográfica, principalmente observando se os autores conseguem realmente passar o recado, ter uma mensagem clara. Valorizamos a ancestralidade, a representatividade negra, a estética e a beleza. Queríamos obras que dialogassem com o público por meio da poesia e temas diversos, atendendo às crianças, adolescentes e juventude”, explicou Bartô.
Ela também destacou a importância da representação nas telas. “Estamos num momento muito fértil na construção de narrativas e identidades que retratam o pensamento dos cineastas negros. Isso fortalece a resistência e a identidade das comunidades quilombolas, criando um link com suas próprias realidades”.
‘ONDE VAI PASSAR?’
Na janela de 3 meses, o projeto passará pelas seguintes localidades:
- Tia Eva e São João Batista (Campo Grande);
- Furnas do Dionísio (Jaraguari);
- Águas do Miranda (Bonito);
- Furnas dos Baianos (Aquidauana);
- Picadinha (Dourados);
- Comunidade dos Pretos (Terenos);
- Família Jarcem (Rio Brilhante); e
- Família Cardoso (Nioaque).
‘DUAS DE CINCO’
O filme documental sul-mato-grossense Luzes Debaixo (2021), dirigido pelo artista Tero Queiroz, terá a primeira oportunidade de chegar a um público por meio de exibições, fortalecendo a valorização do audiovisual negro.
“Estou muito feliz por integrar este projeto lindo e potente. ‘Luzes Debaixo’ aborda a invisibilidade de pessoas que vivem à margem da sociedade, como um grupo que habitava debaixo de uma ponte em Campo Grande. Mesmo em situação de rua, enfrentaram o desabrigo forçado. O filme dá voz a essas pessoas e suas resistências, conectando-se profundamente com o objetivo do Olubayo”, contou Tero, que optou pelo uso mínimo de equipamentos e realizou as filmagens sozinho, pois não queria intimidar as pessoas que lá viviam.
O curta-metragem paulistano Fábula de Vó Ita, dirigido por Joyce Prado e Thallita Oshiro (2016), narra a história de Gisele, uma menina negra que, após sofrer preconceito, se torna tímida. Sua avó cria uma história fantástica sobre identidade e beleza negra, onde Gisa, ao buscar mudar sua aparência, é reconhecida por sua mãe, a rainha Andrea, através de seus cabelos que refletem suas emoções.
“Fico muito feliz e emocionada com a escolha de ‘Fábula da Vó Ita’ e ansiosa pela recepção das crianças nos territórios quilombolas do MS. O filme busca promover a autoestima nas crianças e o reconhecimento da beleza em suas manifestações mais diversas. Tem tatu, tuiuiú e outras inspirações da fauna e flora do Centro-Oeste. Uma história lúdica e familiar. Espero que o público do Olubayo se divirta muito”, comenta Joyce sobre a participação no Olubayo.
CUSTOS
O projeto recebeu R$ 200 mil de incentivo ao ser contemplado no edital da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). A íntegra.
Cada filme selecionado receberá um cachê de R$ 3 mil.
O TEZ
O Grupo de Estudos e Trabalho Zumbi (TEZ), fundado em 1985, foi a primeira entidade do movimento negro em Mato Grosso do Sul. O grupo atua no combate à opressão e às desigualdades sociais, com foco em debates sobre as questões raciais e na promoção da diversidade na educação infantil.
Ao longo de 40 anos, o TEZ se tornou uma referência, inspirando outros movimentos negros e fortalecendo o protagonismo negro no estado.
Neste ano, o TEZ celebra seu legado com o projeto Olubayo, que resgata a história afro-brasileira e conecta as novas gerações à ancestralidade por meio do cinema.
Para mais informações sobre o projeto siga a página do Instagram (@olubayo_cinemanegro).