O curta-metragem "Libélula", dirigido por Mateus Gomes Andrade será exibido à partir das 18h deste sábado, 29 de março, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Campo Grande (MS).
A produção integra a programação do Pantanal Film Fest, que começou em 27 de março e segue até 5 de abril, com a proposta de exibir 40 filmes ao longo do evento.
Com 24 minutos, “Libélula” narra a história de uma ladra que coage a primeira pessoa que cruza o seu caminho, Beatriz, para ajudá-la a fugir com uma mala de dinheiro roubado. As duas passam dias dentro de um apartamento, enquanto a ladra aguarda o momento ideal para sua fuga. Ao longo desse período, elas se aproximam, e sua breve relação é colocada à prova.
Em entrevista ao TeatrineTV, a Produtora do filme, Helena Cuevas de Andrade, adiantou o que o público pode esperar ao ir assistir a ‘Libélula’. "O público pode esperar um filme que mistura tensão, drama e um certo clima de estranhamento. A gente trabalha muito com o som e a fotografia para criar uma atmosfera imersiva, onde cada detalhe aumenta nosso envolvimento com as personagens. É uma história sobre convivência, sobre invasão de espaço, e sobre como pessoas diferentes lidam com isso”, introduziu.
A ideia para o roteiro, conforme a Produtora, surgiu a partir do mangá What a Wonderful World, de Inio Asano, que traz uma narrativa de sequestro e fuga. A diretora explicou que a escolha de um único ambiente, o apartamento, foi influenciada pela proposta do mangá, o que ajudaria na produção do filme. "A partir dessas discussões em grupo da ideia inicial da inspiração, decidimos contar a história de duas mulheres cujas escolhas são impactadas pelo contexto social em que vivem. Assim, buscamos trazer uma trama mais conectada com nossa realidade e questões sociais locais”, comentou.
Helena ainda mencionou que o filme também tem uma forte influência visual e estética de diretores como Wong Kar Wai, que trabalham o ambiente urbano e as emoções contidas nas relações.
Sobre os aspectos sociais abordados, ela disse aborda questões como solidão, desigualdade: "Acho que o filme fala muito sobre solidão, sobre desigualdade e sobre como o ambiente em que a gente vive afeta nosso comportamento. A relação das personagens é quase um embate entre dois mundos, e isso reflete questões sociais bem reais. Inclusive sobre como estamos cercadas por realidades diversas em amontoados de casas e prédios na nossa cidade”, explicou Helena.
De acordo com Helena, o filme é 100% sul-mato-grossense e destaca a arte e cultura local. "A conexão é, principalmente, técnica porque a equipe, o elenco e até a trilha sonora são todos daqui. Um dos detalhes que traz essa identidade regional é a viola na trilha sonora, que traz esse toque do Mato Grosso do Sul para dentro de um filme urbano”.
No campo dos desafios, a diretora relatou a dificuldade de lidar com imprevistos durante as filmagens, principalmente no que se refere ao som. Além disso, o aspecto financeiro também foi um desafio constante. "Descobrimos que imprevistos acontecem o tempo todo e que a gente precisa estar preparado para se adaptar. O som, por exemplo, foi um grande desafio, porque a cidade nem sempre colabora, tivemos que refazer cenas por causa de buzinas, barulhos aleatórios e até cancelar um dia de filmagem por conta de uma chuva que atrapalharia tudo. Sem contar com o principal desafio: financeiro. Não tivemos ajuda financeira de terceiros nem de editais, foi um filme feito em colaboração da equipe principal, com rifas e doações. Mas, no fim, isso fez a gente crescer muito como equipe e aprender a resolver problemas na prática”, declarou Helena.
Para a diretora, o sucesso do projeto se deve a coletividade. "Tivemos o apoio de pessoas muito talentosas que abraçaram o projeto, ajudando em cada detalhe. Mas, como sempre acontece em produções independentes, o que faltou foi grana. Se tivéssemos um orçamento maior, daria para ter mais tempo de filmagem, equipamentos melhores e uma equipe maior para dividir as funções, o que deixaria tudo menos corrido”, apontou.
A exibição de "Libélula" no Pantanal Film Fest tem um significado especial para a diretora:
"É incrível poder exibir o filme no festival, porque ele foi feito aqui e para ser visto aqui também. É um reconhecimento do nosso trabalho e uma chance de mostrar que produções independentes locais têm força e merecem espaço”.
Ela reforçou o significado de haver em MS um festival realizado pelo poder público. "O festival é essencial porque dá visibilidade para produções que, muitas vezes, não encontram espaço em circuitos maiores. Além disso, ele fortalece o audiovisual do estado, criando conexões entre realizadores, incentivando novas produções e mostrando que é possível fazer cinema de qualidade por aqui”, concluiu.
FICHA TÉCNICA
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Direção: Mateus Gomes Andrade
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Produção: Helena Cuevas Andrade
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Roteiro: Mateus Gomes Andrade e Marie Marmont
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Elenco: Karen Centurion e Nathália Maluf
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Direção de Fotografia: Felipe Ribeiro
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Assistente de Direção de Fotografia: Ismael Garnes
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Direção de Arte: Felipe Ribeiro
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Assistentes de Direção de Arte: Nathalia Nunes e Luisa Borges
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Maquiagem e Figurino: Helena Cuevas Andrade e Amanda Cecatto
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Continuidade: Erica Carvalho
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Som: Aram Amorim
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Trilha Sonora: Lucas Anderson
SERVIÇO
O que: Exibição do ficção 'Retrato do Artista Quando Coisa'.
Quando: 18h, em 27 de março de 2025.
Onde: Museu da Imagem e do Som (MIS), Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar, Campo Grande.
Entrada: Gratuita.
Por quê: O filme integra a programação do Pantanal Film Fest, no contexto do Campão Cultural.