A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), publicou uma matéria celebrativa ao Cinema local nesta 4ª.feira (19.jun.24), em alusão ao Dia do Cinema Brasileiro. Eis a íntegra.
Essa data, se deve ao registro histórico das primeiras imagens em movimento no Brasil, realizadas por Afonso Segreto em 1898.
Para sustentar a posição de que é ‘pró-cinema’, a FCMS cedeu espaço para entrevista à três cineastas locais, e focou no ‘estímulo’ e perspectivas.
No texto, os realizadores destacaram os avanços significativos proporcionados pela Lei Paulo Gustavo no setor audiovisual de MS.
A estratégia de ‘valorização’ narrada a partir do investimento do governo federal, deixou, porém, de mencionar o contraste com a quase nulidade de investimento do governo de Eduardo Riedel (PSDB) na produção cinematográfica local.
O único edital local do governo que reserva um micro espaço ao audiovisual – o Fundo de Investimentos Culturais (FIC) – teve sua última edição em 2022, e já ao findar do primeiro semestre de 2024 não há sinais de que o 'celebrado FIC de R$ 14 milhões' será lançado em tempo de ser pago neste ano.
Além de não investir no impulsionamento do cinema local de maneira efetiva, recentemente, a FCMS tomou decisões que reduzem a visibilidade para o cinema sul-mato-grossense já produzido. Como destacamos aqui no TeatrineTV, no que será uma espécie de ‘minuta’ do edital do Festival e Inverno de Bonito de 2024, o audiovisual foi cortado, eliminando o histórico momento de exibições de filmes locais no festival – um dos mais importantes momentos para a promoção da diversidade cultural sul-mato-grossense. Até 2023, as sessões eram realizadas. Eis a íntegra.
Diferentemente do que tenta sugerir a FCMS, o cinema sul-mato-grossense sofre com ataques, redução de participação, falta de profissionais concursados dedicados à linguagem dentro da FCMS e é desestimulado pela inexistência de políticas públicas efetivas, bem como com a falta de estímulo às formações de profissionais do setor. O quesito formação, inclusive, mais uma vez é protagonizado quase que de maneira solitária pelo jovem curso de Audiovisual (2019) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
A falta de inclusão da linguagem no Festival de Inverno de Bonito é apenas um exemplo das contradições que precisam ser endereçadas à FCMS, para que os gestores compreendam que fortalecer o cinema local é promover um desenvolvimento cultural mais equitativo e sustentável em Mato Grosso do Sul.
A Lei Paulo Gustavo foi criada para impulsionar o setor audiovisual em todo o Brasil em conjunto com as políticas públicas de cada estado. Diante dessa compreensão, é fundamental que a Fundação de Cultura de MS amplie seu escopo de atuação para garantir que todas as formas de expressão artística tenham espaço e suporte adequados. Somente assim, o estado poderá verdadeiramente celebrar sua diversidade cultural e potencializar seu papel no cenário nacional e internacional da 7ª arte.