A carioca Mariana Villas-Bôas ministrou de 13 a 15 de agosto uma oficina de Direção de Arte integrando a programação do 18º Festival de Cinema do Vale do Ivinhema, realizado de 10 a de 16 agosto em Ivinhema (MS).
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela PUC-Rio em 2013, com formação complementar no intercâmbio na BAU – Escola de Design de Barcelona, Mariana trabalhou como cenógrafa assistente na TV Globo, contribuindo para produções notáveis como as novelas “Velho Chico” e “Meu Pedacinho de Chão”, além da série “Dois Irmãos”.
Desde 2017, Mariana tem se destacado no mercado audiovisual como cenógrafa, assistente de arte e Diretora de Arte. Ela integrou as equipes criativas de filmes como “A Paixão Segundo G.H.”, dirigido por Luiz Fernando Carvalho, “Agreste” de Sérgio Rozenblit, “Epitaph” de Bernardo Barreto e Jorge Farjalla, e “Depois do Trem” de Joel Pizzini. Mariana esteve também à frente das equipes de Arte da série "Betinho no Fio da Navalha", que narra a inspiradora biografia do sociólogo Herbert de Souza, Betinho, com direção de André Felipe Binder. E integrou a equipe criativa da série "Independências", dirigida por Luiz Fernando Carvalho.
O primeiro contato dela com Mato Grosso do Sul foi em 2022, por meio de uma Direção de Arte feita de maneira remota para a Casa Manoel de Barros, na Capital sul-mato-grossense.
Com uma oficina tendo em média 30 alunos, em Ivinhema Mariana destrinchou os processos criativos das grandes produções, compartilhando conhecimento e provocando seus alunos a criarem. “Brinco que fizemos um avistamento de texturas e oportunidades. Acho que é isso: o trabalho do artista é encontrar oportunidades para a criação e conseguir isso muito bem. Saímos muito felizes e honrados por ter feito parte do festival”, introduziu Mariana.
Ao final dos três dias de oficinas, ela compartilhou suas impressões sobre o que representa o FestiVali no cenário cultural brasileiro: “Esse festival, para mim, é uma inspiração e uma esperança também. Primeiro porque foi uma honra ser convidada para dar uma oficina de Direção de Arte, que é o meu ofício, uma das minhas artes. Trazer esse destaque para a Direção de Arte foi algo que me motivou. Enche de vontade de compartilhar conhecimento e mostrar como a Direção de Arte está presente em todos os filmes, e a importância dela para a estética e a narrativa de cada história. Alimentar os alunos e ver as imagens dos trabalhos que eles produziram a partir da Direção de Arte e dos espaços cênicos é muito lindo e emocionante. Foi uma honra; espero voltar mais vezes e formar novos olhares”, declarou.
Na oficina, Mariana propôs aos alunos uma visita ao pátio do Galpão das Artes para que eles produzissem histórias a partir da locação. “Eu levo a memória de um lugar que está criando uma tradição cinematográfica. Acabamos de sair da sessão de curtas dos alunos do Fundamental e é lindo ver isso, pois foi assim que comecei no audiovisual, como criadora. Na minha escola, eu me incentivava a estudar e criar. As aulas de redação foram baseadas na criação de roteiros, que depois foram filmados com base nas aulas de artes cênicas... Vejo isso aqui e me lembro dos meus 13 anos produzindo trabalhos. Isso me inspira muito, porque é marcante na vida de um jovem ter a oportunidade de criar e enxergar isso como uma profissão”, disse.
Além de seu trabalho em cenografia e direção de arte, Mariana também explora a criação de filmes, pois avaliou que o cinema é uma ferramenta de educação social. “Está muito no mercado de ficção e audiovisual, mas também no mercado de arte, no teatro e na criação. A Direção de Arte está na vida... Muitos não veem os artistas como profissionais, então é importante mostrar para crianças e jovens que é possível viver da própria arte e dar cada vez mais importância a esse nicho. Saio com a imagem e memória de que estamos educando o Brasil, com um olhar voltado para o país. Fico impressionado com os trabalhos, pois eles abordam temáticas locais, sem referências externas. Esse movimento é muito legal. Estão de parabéns e estou feliz por colaborar”, finalizou.