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CINESUR

Curta independente mostra qualidade de realizadores pretos de MS

Filme está na Mostra Competitiva do festival de cinema sul-americano que acontece em Bonito (MS)

Por TERO QUEIROZ • 24/07/2024 • 17:24
Imagem principal Membros do Coletivo O Estranho Vale, equipe e diretor do filme 'Niguém Lhe Estenderá a Mão'. / Foto: Tero Queiroz

O curta-metragem "Ninguém Lhe Estenderá a Mão", de Deivison Pedrê, foi um dos destaques na noite de 21 de julho, na Mostra Competitiva de Filmes Sul-mato-grossenses, da 2ª edição do Bonito Cinesur.

A produção do coletivo 'O Estranho Vale', Indie Films, foi filmada de maneira independente em Campo Grande (MS), com protagonismo de realizadores negros. O roteiro é inspirado na Obra Original: "Amanhã Vai Ser Pior", de Vitor Abdala.

Diretor de cena e fotografia, Deivison revelou que a noite foi marcante por ser um momento de estreias. “É o primeiro filme que eu dirijo, mas também estou na produção, e já havia feito outros trabalhos na fotografia. O roteiro em si me levou a assumir a direção, porque não tínhamos um diretor, tínhamos uma ideia muito legal”, introduziu.

O diretor de cena e fotografia, Deivison Pedrê. Foto: Tero Queiroz

O realizador campo-grandense explicou que o filme foi viabilizado integralmente por colaborações. “Foi uma parceria muito boa com universitários que nem cobraram, vieram na colaboração mesmo. Tivemos um orçamento de cinco mil reais no total, gastos com freelancers que eu chamei para somar, já que havia a participação de universitários com pouca experiência e eu chamei alguns outros profissionais para complementar isso. Foi totalmente independente, eu tive que tirar do bolso mesmo, boa parte. A produção tirou da própria alimentação e foi isso”, contou.

A produção cinematográfica conta a história do jovem (Xavier-Rodrigues), que está isolado em casa, lutando contra paranoias ou não, que se refletem como feridas em seu corpo. “O filme funciona no pós-horror, uma linguagem atual que mistura horror e suspense. A referência foram vários filmes da A24, uma produtora que faz muitos filmes nessa linguagem. Baseamos muito no roteiro original, no conto original, e percebemos que essa era a linguagem que deveríamos seguir”, revelou Deivison.

Vitor, personagem de 'Ninguém Lhe Estenderá a Mão'. Foto: Deivison PedrêVitor, personagem de 'Ninguém Lhe Estenderá a Mão'. Foto: Reprodução

Mesmo reconhecendo a dificuldade de realizar a obra sem incentivo, o diretor avaliou que é preciso ter essa coragem de começar. “É a coisa do cinema independente. Acho que é um incentivo para outras pessoas que têm uma ideia legal produzirem, juntar os amigos e sair fazendo filme”, opinou.

O produtor Paulo Henrique Taveira, que tinha experiências no audiovisual apenas com videoclipes e making-offs, estava bastante animado com a estreia de "Ninguém Lhe Estenderá a Mão" como sua primeira produção cinematográfica. “Fiz o roteiro, a produção executiva e dirigi a arte, o que por eu ter feito o roteiro, foi bem mais simples”, comentou.

O produtor Paulo Henrique. Foto: Tero QueirozO produtor Paulo Henrique. Foto: Tero Queiroz

Foi trabalhando como Uber na Capital que Paulo juntou o valor investido em sua parte do trabalho. Para ele, o curta implicou em dois desafios principais. "Acho que o desafio maior foi o gênero. Ainda mais no lado do sentimento que a gente quer expressar, a galera não entende tão bem onde a gente quer chegar, e conseguir financiamento ia ser muito difícil... E a gente topou fazer o projeto sem recurso nenhum, é um filme de R$ 450", destacou.

Diante disso, Paulo considerou que já é uma vitória o filme estar competindo no Bonito Cinesur. "Chegar nesse resultado com esse valor e ainda na primeira produção do nosso coletivo é algo quase como ir para Cannes para a gente. Eu acredito que vão se abrir portas e teremos mais recursos para ter um impacto maior”, prospectou.

A tônica da equipe, composta integralmente por artistas periféricos e negros, foi superar desafios para concluir o filme. “O protagonista, Javier, trabalhava como garçom e saiu da gravação umas 3h da manhã, dormiu, acordou às 7h e foi para o trabalho. Às 4h ia para o set e isso foi durante sete dias. Então, a entrega não foi só dele, mas de toda a equipe. Estar aqui, ver isso consolidado, especialmente em um festival, é emocionante”, pontuou Paulo.

Paulo Henrique e May Rocha, que dirigiram a Arte do curta 'Ninguém Lhe Estenderá a Mão'. Foto: Tero Queiroz Paulo Henrique e May Rocha, que dirigiram a Arte do curta 'Ninguém Lhe Estenderá a Mão'. Foto: Tero Queiroz 

Outra estreante no cinema, May Rocha, de 24 anos, colaborou na Direção de Arte. “Eu dei minha alma para o filme. Foi quando eu descobri que estava na direção de arte. Eu estava fazendo tantas coisas que, na minha cabeça, eu não estava fazendo nada”, descontraiu.

Para ela, considerando que todos os membros têm outros trabalhos, a maior dificuldade foi reunir para filmar. “Reunir e filmar com zero orçamento foi a grande dificuldade, por causa dos compromissos de todos. Então, a gente juntou tudo o que tinha, todas as pessoas queridas que quiseram participar, e depois, quando o grupo estava formado, foi 100% de dedicação de todas as formas. Eu fiquei responsável pelo departamento de Arte e na Produção também, na parte da correria. Eu acatava as ideias do pessoal, as coisas que condiziam com o roteiro, e ia dando os toques finais junto com o diretor”, contou.

May Rocha celebra seu primeiro filme no Bonito Cinesur. Foto: Tero QueirozMay Rocha celebra seu primeiro filme no Bonito Cinesur. Foto: Tero Queiroz

May afirmou que o universo do filme é punk. “Na Produção de Arte, incluí muita coisa do punk dos anos 90, e acho que consegui trazer algumas referências. Não sei se deu para ver alguma coisa no filme, mas tinha ali algumas coisas escondidas que a gente trouxe. Mas nada foi totalmente realizado por mim, todo mundo se uniu e fez um pouco de cada coisa”, observou.

Assim como os colegas da equipe, May estava muito feliz com a presença no festival. “Estar no CineSur representa um sonho realizado. Pode parecer um tanto clichê, mas a gente nunca imaginou que estaria aqui. Então, foi a realização de um sonho nosso, de todo o grupo. Todos estamos começando, então todos estamos muito entusiasmados com essa oportunidade de nos entregar e fazer acontecer”, considerou.

Dayane Bento, figurinista do curta 'Ninguém Lhe Estenderá a Mão'. Foto: Tero QueirozDayane Bento, figurinista do curta 'Ninguém Lhe Estenderá a Mão'. Foto: Tero Queiroz

À frente do Figurino de "Ninguém Lhe Estenderá a Mão", Dayane Bento comparou qual foi o grande diferencial de compor a equipe desse filme, em comparação com os anteriores nos quais já trabalhou. “Nesse filme, minha realização foi estar perto de pessoas negras que estão produzindo. Tanto o diretor, o protagonista, metade da equipe, isso foi muito legal. O roteiro é diferente, nunca tinha feito nada parecido. Acho que esse foi o meu terceiro filme e foi uma parceria. A gente abraçou o projeto, todos curtiram e se identificaram um pouco com a angústia do personagem, e acho que isso foi o que deixou todo mundo animado”.

A figurinista avaliou ainda que, apesar da conquista de estar na Mostra competitiva, essa não era uma ambição no momento da realização do curta. “Uma coisa que conversamos entre a equipe é que esse projeto não é para ficar colecionando festivais, prêmios. É para ter a obra por si só. Isso foi uma realização, um projeto que existe, que não estava focado em captar verba. Não esperávamos tanto reconhecimento, mas é um reconhecimento estar aqui”, finalizou.

FICHA TÉCNICA DO CURTA

Vitor, personagem de 'Ninguém Lhe Estenderá a Mão'.

Uma Produção Independente de: Estranho Vale e Indie Films

Direção de Cena, Fotografia, Montagem e Colorização: Deivison Pedrê;

Produção Executiva, Design de Produção e Direção de Arte: Paulo Taveira;

Produção de Linha: João Deboni, Mayara Rocha, Pedro Laurentino;

Designer Gráfico: Gabriel Souto;

Figurino: Dayane Bento;

Contra-Regra: Mayara Rocha;

Assistência de Câmera: João Pelosi;

Maquiagem de Caracterização: Natália Romero;

Continuísmo: Leilane Beatriz;

Gaffer: Gabriel Lima;

Áudio Direto: Habner Lopes;

Adaptação de Roteiro: Paulo Taveira e João Deboni;

Making Of: Pedro Laurentino;

Trilha Sonora: Luciano Armstrong, Gabriel Souto.

Músicas:

  • Pata de Cachorro - Satanás;
  • Os Alquimistas - Não Me Venha com Esse Papo Outra Vez;
  • Bravo e Meio; Obrigado, mas não obrigado.

Elenco:

  • Vitor: Xavier Rodrigues
  • Figurante 1: Rodrigo Escobar
  • Figurante 2: Rodrigo Schio
  • Figurante 3: Pedro Ricci
  • Figurante 4: Mayara Rocha
  • Figurante 5: João Deboni
  • Figurante 6: Gabriel Corrêa
  • Figurante 7: Pedro Perim
  • Enfermeiro Jonas: Johnny Silvano
  • Dr. Joaquim: Beget de Lucena
  • Enfermeira: Gabriela Nowak
  • Caixa: Habner Lopes
  • Professor: Ramiro Giroldo

Agradecimentos Especiais:

  • Fernanda Taveira
  • Enrique Gonçalves
  • DxDxOx
  • Terror Shop
  • Ramiro Giroldo
  • Sacolão do Araújo
  • Leandro Araújo
  • LuÍs Araújo

REALIZAÇÃO DO CINESUR

O Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito acontece de 19 a 27 de julho. O festival é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC) em parceria com o Ministério da Cultura e o Governo Federal, por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet, e conta com o patrocínio do Banco do Brasil, da Agência Nacional de Cinema (Ancine), dos Correios e da Caixa Econômica Federal.

O Festival tem o apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundação de Turismo (Fundtur) e da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), e o apoio cultural da Zoom Publicidade, da Greenlight Audiovisual, do Canal Brasil e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Confera a programação completa clicando aqui.


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