O estilista e produtor de moda Luiz Gugliatto encerrou o primeiro semestre de atividades do projeto Artesania, em que visa repassar conhecimentos de moda e costura à internos em prisões de Mato Grosso do Sul.
Em parceria com a Agepen (MS), o projeto visa não apenas preencher o tempo de reclusão dos internos, mas também prepará-los para a reintegração social.
Desde abril deste ano, o projeto tem se expandido em diversas unidades prisionais, começando pelo Instituto Penal de Segurança Máxima em Naviraí e posteriormente ocorrendo em Ponta Porã e Coxim.
Segundo o estilista, cada localidade apresenta suas particularidades, mas o objetivo é sempre o mesmo: ensinar técnicas de costura criativa e upcycling, transformando resíduos têxteis em peças de vestuário e acessórios únicos e personalizados.
Em Naviraí, Gugliatto disse que encontrou um grupo de detentos sem experiência prévia em costura. "Para começar, foi essencial ensinar desde o básico: o manuseio da máquina de costura e técnicas de upcycling", introduziu o estilista. “O foco foi não só ensinar habilidades técnicas, mas também proporcionar um espaço onde a imaginação pudesse fluir sem muitas restrições, resultando em peças como bolsas, kimonos e saias, todas criadas pelos próprios participantes”, comentou.
Em Ponta Porã, a história se repetiu com um grupo majoritariamente iniciante. "Após a apresentação do método, modelagem e peças pilotos, formamos grupos e designamos uma líder na máquina", lembrou Gugliatto. “O resultado foi não apenas a criação de diversas peças de vestuário, mas também um evento especial organizado pela diretora do instituto, um mini desfile onde as detentas puderam desfilar suas próprias criações, mostrando o potencial transformador da moda mesmo dentro de um ambiente prisional”, avaliou.
Além de aprender uma nova profissão, os participantes recebem benefícios tangíveis como a remição de pena, uma iniciativa que não apenas incentiva a participação, mas também reforça o potencial de cada indivíduo em se reinserir na sociedade de maneira produtiva.
Gugliatto destacou que o impacto vai além do aprendizado técnico. "A costura criativa pode ser um aliado importante na recuperação emocional dos internos, oferecendo não só uma forma de ocupação, mas também um caminho para uma possível renda extra ou até mesmo uma nova carreira”, considerou.
Para o proponente, “o projeto Artesania não visa apenas transformar peças de roupa, mas vidas, mostrando que a arte pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social e ressocialização”.
“À medida que o projeto avança para novas unidades penais em Coxim e além, a esperança é que mais histórias de sucesso sejam escritas, não apenas nas costuras dos produtos, mas nos corações e mentes daqueles que participam desse movimento de mudança positiva através da moda sustentável”, completou o estilista.