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Artes Cênicas

Maria Alice canta Paulo Simões, um dos melhores compositores do Brasil

Por TERO QUEIROZ • 05/09/2022 • 18:05

​“Maria Alice canta Paulo Simões” é um show que acontecerá às 19h do sábado (10.set.22) na Concha Acústica do Parque das Nações Indígenas. A entrada é gratuita.

Essa é a 1ª vez que a artista apresentará o show completo com nome homônimo do disco de 14 músicas, lançado no início de 2022, com letras escritas, de acordo com ela, por um dos maiores compositores do Brasil. “Me veio a ideia de fazer uma homenagem para ele. Não que eu seja famosa, nem nada, mas a gente vai levando, divulgando o trabalho da pessoa, dando mais destaque de alguma forma. Eu sempre tive a preocupação de homenagear os nossos artistas, porque eu acho que a qualidade das nossas músicas é muito grande. Eu acho que o Paulo Simões é um dos melhores compositores do Brasil, como o Guilherme também, como o próprio Almir. Eles estão nessa categoria, de serem um dos melhores que a gente tem hoje no país. Eu achei que era justo fazer uma homenagem a ele”, introduziu.

Maria nasceu no Rio de Janeiro, foi morar no Ceará aos 3 anos, mas foi em Mato Grosso do Sul que ela teve seu encontro com a música. “Eu vim embora do Ceará para cá, eu tinha 14 anos. E eu comecei a conhecer a música daqui e os compositores daqui, quando eu comecei a fazer aula de violão com o Carlos Colman. Ele é um grande divulgador da música daqui, porque, ele ensina para os alunos dele, a música dos compositores do Mato Grosso do Sul. Foi aí que eu tive meu primeiro contato com a música daqui”, narrou.

Foi também sob a influência de músicos e professores que Maria Alice iniciou no canto.  “Passei a ter aula com o Orlando Brito, que era um violonista, cego, que já faleceu, inclusive. Ele morava e dava aula junto com o Carlinhos. E com o Orlando eu comecei a cantar também na noite e esse repertório dos compositores daqui sempre esteve presente nessas cantadas na noite. E o Paulinho era super conhecido, como o Almir, como aquele pessoal todo que participou do Prata da Casa. Eu mudei para cá bem na época do Prata da Casa, eu acho que eu ainda cheguei a pegar um show lá no Glauce Rocha, mas naquela época eu não cantava profissionalmente ainda”, relembrou.

Ela fez seu primeiro disco em 1997 [‘No Mundo a Passeio’] e desde lá já tinha muito apreço pela música de Paulo Simões. “Eu já estava trabalhando com o Pedro Ortale na época e já conhecia alguns compositores, e nessa época eu e o Paulinho já nos encontrávamos nos eventos de músicas”, disse. “Eu sempre achei as letras dele muito bonitas, pela qualidade da escrita dele e da música dele, são lindas”, acrescentou.  

ANCESTRALIDADE

Paulo Simões e Maria Alice. Foto: Rogério Medeiros

Para além da admiração, posteriormente a artista descobriu que havia uma descendência que a ligava a Simões. “Depois eu descobri que o Paulinho era Corrêa, e a minha vó é Corrêa e que a gente tem a mesma base familiar lá em Maracaju. Existe aí uma ascendência em comum, minha e dele”, apontou.

“Foi quando eu soube o nome dele todo, que é Paulo Corrêa Simões, e eu sabia que o pai dele tinha uma fazenda na região de Maracaju. E um dia eu perguntei para ele, seu Corrêa é de Maracaju? Ele falou: é! Aí eu falei, não tem jeito então. Somos parentes, porque não tem dois tipos de Corrêa, lá”, completou.  

Instigada pelo aventado parentesco, Maria decidiu colocar no disco a música, “Serra de Maracaju”. “Pois é um lugar que representa um elo ancestral que tenho com o Paulo Simões, além claro, de ser fã da música”.

A artista destacou que grande parte das músicas de sucesso interpretadas por Almir Sater e outros artistas, foram em parceria com Paulo Simões. “O estilo dele influenciou muita gente. E você vê nas músicas dele essa marca que é muito característica do nosso estado, que é esse ritmo três por quatro, que é essa mistura da música sertaneja, meio urbana, mas também com a música paraguaia, né? E eu acho que ele [Paulo Simões] é uma referência muito forte também”, analisou.  

A intérprete revelou que foi ao longo da pandemia que ela teve a ideia de homenagear o amigo e colega de trabalho. “Ala pucha, são de 20 para 30 anos de amizades que a gente tem, eu e o Paulo. Eu senti a necessidade de falar mais o nome do Paulo Simões (sic)”, resumiu.  

As músicas do disco e show foram concebidas todas por Paulo Simões em parceria com Guilherme Rondon, Celito Espíndola, Antônio Porto, Almir Sater e Renato Teixeira.

Esse disco foi o 1º disco da carreira de Maria, confeccionado de maneira 100% digital. “[Esse show] já é um disco, ele já está nas plataformas, foi lançado no começo do ano. É porque eu não fiz CD, eu resolvi lançar só nas plataformas. Porque o ‘Sertões’[2017] eu ainda fiz CD, mas para você ter uma ideia hoje aqui em casa não tem um tocador de CD mais. No meu carro não tem, no meu computador não tem, eu não tenho mais aparelho. O negócio agora é tudo digitalizado mesmo, tudo no ar, você vai lá e pega”, brincou.

Ouça a íntegra do disco abaixo:

https://open.spotify.com/album/1ME7ig2WkbpjsmY1Lwby7Y?si=cHsx1AqWRy6bplGDqSbH1w

AS MÚSICAS

A escolha do repertório foi de músicas que ela gostava demais e que não haviam sido gravadas por tantos intérpretes. “Eu procurei um repertório de músicas que eu gosto muito, que eu sempre gostei muito e que não são as mais conhecidas, gravadas e tocadas. Porque tem muita coisa que ficou conhecida por interpretações de outras pessoas, mas com esse disco e com o show vamos apresentar a diversidade das letras do Paulinho”, garantiu.  

“Eu chamei o Gabriel de Andrade e falei assim: Gabriel, você tem a liberdade de fazer os arranjos e colocar o seu estilo, mas tenho a preocupação de não descaracterizar. E eu acho que ele conseguiu dar um toque moderno nos arranjos, mas manteve a obra dele [Paulo Simões], reconhecível. Não mexeu tanto nas músicas. Porque as melodias e as parcerias das músicas do Paulinho são lindas”, elogiou.

Gabriel de Andrade é um dos principais talentos da nova geração, formado em música pela UFMS em 2012, começou tocando nos bares da Capital em 2010 ao lado de Pedro Espíndola e em pouco tempo transformou-se em um dos mais requisitados instrumentistas do Estado. “O convite para fazer o disco e o show foi uma honra e uma alegria! Sou campo-grandense e tenho a música de MS desde sempre nos ouvidos e nas veias. A Maria Alice, além de ser uma grande cantora, é uma pessoa extremamente profissional e me deu carta branca para pensar no conceito do trabalho, o que me deixou muito à vontade”, disse Gabriel.

Para garantir a satisfação do homenageado a cantora contou ao Teatrinetv que ao final do disco tudo foi mostrado a Simões antes de ser levado a público. “A gente mostrou tudo para o Paulinho, sabe? E no final ele falou assim: olha, essa aqui eu gostaria que mantivesse aquela parte ‘x’, porque aquilo é como se fosse um mantra, quando eu compus teve um sentido. E a partir disso, acho que não teve essa descaracterização”.

Entre as músicas que serão tocadas no show e estão no disco, a intérprete destacou ‘Estranhas Coincidências’. “Que é uma música não tão conhecida, não é igual ‘Trem do Pantanal’, ‘Sonhos Guaranis’, ‘Comitiva Esperança’ e outras músicas que o Almir gravou, que você canta e as pessoas reconhecem imediatamente, mas é uma música que eu sempre gostei demais da letra dela. Eu ​a ​aprendi com o Carlinhos, na época das aulas de violão, e eu nunca mais esqueci dessa música, sabe? Eu estou com 55 anos, eu fazia aula com 14, você imagina, tem 40 anos que eu ouvi a primeira vez a música e nunca mais ela saiu da minha cabeça. Então eu falei: essa música eu faço questão que tenha no disco!”.

As escolhas do disco, de acordo com Maria, também podem refletir o período em que foi pensado o projeto. “Há também a música “Ordem Natural das Coisas”. Eu não sei se tem a ver também com o período da pandemia, a gente estava passando por um momento de crises reais e crises existenciais. Ficou todo mundo meio desorientado, sem saber direito para que rumo levar as coisas e... tem um pouco em muitas dessas canções que estão no disco, sabe? Dessas reflexões assim, da vida da gente...”, relacionou.

O SHOW

De acordo com Maria Alice, o show de pouco mais de 1h terá a presença de Paulo Simões, que cantará ao lado dela uma das músicas. “Terá duas participações especiais. Uma do Toninho Porto, que está aqui e vou convidar ele para cantar uma composição dele com o Paulo, que é a ‘Triste Tão Bela’ e também haverá a participação do próprio Paulinho”.

A canção mais antiga do show é Velhos Amigos, composta por Simões no final dos anos 1970. A apresentação conta​​ com a participação do próprio autor cantando ao lado de Maria Alice. Já D de Destino é a música do repertório mais recente de Paulo Simões. Ele divide a composição com Almir Sater e Renato Teixeira, que gravaram a parceria no álbum AR, de 2015. D de Destino foi indicada ao prêmio de Melhor Canção em Língua Portuguesa do 17o Grammy Latino em 2016.

A equipe que acompanha a cantora no show é formada pelos músicos e técnicos sul-mato-grossenses Pedro Ortale e Gabriel de Andrade nos violões, Gabriel Basso no baixo, Simone Ávila e Gilson Espíndola nos vocais, João Pedro Ortale na bateria e Renan Nonato no acordeom.

Os técnicos de som são Anderson Rocha e Adriel Santos e o desenho de luz é de Anderson Lima. Cenografia é de Lula Ricardi e vídeo de Helton Perez.

Tanto o disco, quanto o show, tem a produção da Marruá Arte e Cultura, da produtora cultural Andréa Freire, responsável por todos os trabalhos artísticos da cantora desde 1997.

O evento conta com apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

SERVIÇO

A Concha Acústica Helena Meireles fica dentro do Parque das Nações Indígenas, localizado na Avenida Afonso Pena, s/n, em Campo Grande.


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