Douglas Moreira e Edner Gustavo estão no espetáculo selecionado no Palco Giratório | Foto: Johnny Faustino

O Fulano di Tal, de Campo Grande, tornou-se o primeiro grupo de teatro de Mato Grosso do Sul contemplado no Palco Giratório, do Sesc.

O anúncio foi feito no final de março e, agora, o grupo — formado por Marcelo Leite, Edner Gustavo, Douglas Moreira e Breno Lucas — se prepara para pegar a estrada a partir de maio, para apresentações do espetáculo 'A Fabulosa História do Guri-Árvore' em unidades do Sesc de todo o país. 

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Livremente inspirado na obra de Manoel de Barros, o espetáculo é uma celebração à infância e suas histórias e conta com personagens inspirados em figuras emblemáticas da cultural sul-mato-grossense: o vovô Manoel de Barros, Bugrinha (Conceição dos Bugres), a Professora Maria da Glória Sá Rosa, Lídia Baís e Wega Nery.

Ao TeatrineTV, os 'Fulanos', falaram da alegria e da responsabilidade de ser o primeiro grupo de teatro a representar o Mato Grosso do Sul na maior circulação das artes cênicas do Brasil.

Da esquerda para a direita: Edner, Douglas, Marcelo e Breno, do grupo Fulano di tal | Foto: Arquivo Pessoal

"A gente tá muito feliz. Primeiro, por MS estar no palco mais uma vez. Segundo, por sermos o primeiro grupo de teatro daqui a participar deste que é um dos maiores projetos de cultura deste país e também por poder levar nosso Manoel de Barros e tantos outros artistas regionais para o Brasil conhecer", disse o diretor do espetáculo e fundador do Fulano di Tal, Marcelo Leite.

Com 22 anos de trajetória, o Fulano di Tal marca a estreia do teatro sul-mato-grossense no circuito, que até então, havia sido representado apenas pela dança, com os espetáculos 'Cultura Bovina?', da Ginga Cia de Dança (2009), 'Plagium?', da Cia Dançurbana (2014) e 'Procedimento #6', de Jackeline Mourão e Reginaldo Borges (2024).

O ESPETÁCULO

Espetáculo é livremente inspirado na obra do poeta Manoel de Barros | Foto: Johnny Faustino

'A Fabulosa História do Guri-Árvore' apresenta os irmãos Abílio (Douglas Moreira) e Palmiro (Edner Gustavo) em uma exploração pelo quintal de casa onde encontram uma Geringonça Desreguladora de Memórias.

A descoberta dá início a uma série de histórias contadas com a ajuda do Fazedor de Imaginanças e de elementos do teatro de animação, pantomima e palhaçaria, que juntos dão vida a um universo lúdico e poético. "Antes de chegarmos à dramaturgia final de "A Fabulosa História do Guri-Árvore", passamos por outros dois textos, em caráter de rascunho, e ambos ainda sem nossa personalidade. Porém, desde o início a atmosfera lúdica e o contexto pedagógico e regional do universo Manoelesco foram nossa inspiração", explicou o co-autor do espetáculo, Manolo Schittcowsck.

Desde sua estreia, em 2020, o espetáculo construiu um histórico de apresentações por todo o Mato Grosso do Sul e em algumas cidades fora do estado, graças a parcerias e políticas de fomento local. Agora, com o Sesc, o grupo poderá ser assistido em todo o Brasil. "Pro Fulano di Tal isso sempre foi um sonho e ao mesmo tempo sempre pareceu um sonho muito distante, por conta desse isolamento que a gente vive aqui no Mato Grosso do Sul. Na verdade, são poucos os grupos do Centro-Oeste que tem essa oportunidade de sair e de participar de grandes festivais, então é uma alegria muito grande estar passando por isso", celebrou Edner Gustavo, que além de ator, também é co-autor do espetáculo.

EXPECTATIVAS

A história acontece no quintal dos irmaõs Abílio e Palmiro | Foto: Johnny Faustino

A participação do Fulano di Tal no Palco Giratório 2025 tem gerado grande expectativa dentro do grupo, que vê nessa oportunidade uma realização histórica e um passo importante para o reconhecimento do teatro sul-mato-grossense no cenário nacional. “Queremos usar esses espaços de troca não apenas para falar do nosso grupo, mas também para mostrar o teatro feito aqui no Mato Grosso do Sul. É fundamental que as pessoas conheçam nossa história, saibam que aqui se faz teatro com muita luta e resistência”, afirmou Edner.

Para Douglas Moreira, que interpreta Abílio no espetáculo, a expectativa vem acompanhada de um profundo senso de responsabilidade. "É um momento de alegria, mas também de responsabilidade, porque estamos mostrando para o Brasil que aqui no Mato Grosso do Sul tem trabalho de qualidade, tem poesia, tem Manoel de Barros. Levar essa história para os quatro cantos do país é muito gratificante", celebrou.

Recém-integrado ao grupo, o iluminador Breno Lucas também celebra o momento. “É uma honra gigantesca representar o MS com artistas incríveis do meu lado, fazendo história no nosso teatro, inaugurando um novo tempo pra arte local. Estamos expandindo nossas fronteiras e mostrando que existe, sim, teatro de qualidade no Mato Grosso do Sul. Isso abre portas e esperança pra quem está na luta. Estou muito feliz de fazer parte disso".

RECONHECIMENTO NACIONAL

Atores dão vida a personagens importantes para a cultura sul-mato-grossense | Foto: Johnny Faustino

O analista em cultura do Sesc MS, Paulo Oliveira, explicou que a escolha do Fulano di Tal para o Palco Giratório 2025 é resultado de um processo criterioso e colaborativo, que passou por quatro etapas e analisou mais de 90 espetáculos indicados por curadores de todas as regiões do país.

“Ter o Fulano di Tal entre os selecionados é muito significativo. A escolha de A Fabulosa História do Guri-Árvore reconhece não só a qualidade da obra, mas também a coerência do trabalho do grupo ao longo dos anos — um teatro que une poesia, política, sensibilidade e profundo enraizamento com o MS”, destacou.

Segundo Paulo, essa também é uma conquista para a cultura do estado. “É a primeira vez que o Mato Grosso do Sul participa da circulação com um espetáculo de teatro. Ter um grupo com mais de duas décadas de trajetória como o Fulano di Tal representando o MS é motivo de orgulho. Além da excelência artística, a escolha valoriza um trabalho consistente, que há anos contribui para o fortalecimento do teatro no estado. É também um indicativo da potência da nossa cena”, completou o analista, que integra a curadoria da atual edição do projeto.

Com essa conquista, o MS passa a ter a dança e o teatro representados na circulação. Agora, só falta o circo para completar o trio das principais linguagens das artes cênicas no projeto. “Em relação ao circo, ainda não tivemos nenhum grupo sul-mato-grossense na circulação, o que revela um campo potente ainda em processo de visibilidade, e acreditamos que o circo também encontrará seu espaço nesse circuito em breve”, concluiu.

Você pode acompanhar a programação do Palco Giratório 2025 no Instagram @sescculturams e @fulanodital

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