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CARNAVAL 2025

Na Igrejinha desde os 4 anos, Luana chega à diretoria de bateria enaltecendo luta negra

Agremiação homenageou Comunidade Quilombola de Furnas do Dionísio

Por TERO QUEIROZ • 05/03/2025 • 01:54
Imagem principal Luana, Diretora de Bateria da Igrejinha em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz

A Escola de Samba Igrejinha foi a terceira a desfilar na noite de terça-feira (3.mar.25), em Campo Grande (MS). Comemorando seus 50 anos de história, a agremiação levou à passarela do samba uma homenagem à Comunidade Quilombola de Furnas do Dionísio, com o samba-enredo “Liberdade e Conquista de Um Quilombo”.

A comunidade tema da Igrejinha foi formada em 1890, com a chegada do escravizado Dionísio Antônio Vieira e da mulher, Joana Luísa de Jesus, vindos de Minas Gerais.

A proposta do samba-enredo foi uma celebração das raízes da luta e resistência do povo quilombola, exaltando a história de seus antepassados e a preservação da identidade negra. A letra, composta por Antônio Muçum e Antônio Pacheco, destacou temas como a força da agricultura familiar e a importância da cana-de-açúcar, produtos diretamente ligados à história e ao trabalho da população quilombola em Mato Grosso do Sul.

Atabaque foi destaque na bateria Absoluta da Igrejinha. Foto: Tero Queiroz Atabaque foi destaque na bateria Absoluta da Igrejinha. Foto: Tero Queiroz 

Além das mensagens visuais, a Igrejinha conseguiu transmitir uma mensagem sonora de ancestralidade. Tradicionalmente, baterias de escolas de samba são compostas por surdos (de primeira, segunda e terceira marcação), que estabelecem a pulsação do ritmo; a caixa de guerra, responsável por marcações e floreios rítmicos; o repique (ou repinique), usado em paradinhas e viradas; o chocalho, que adiciona textura ao som; o tamborim, que define o "desenho" do samba; a cuíca, conhecida por seus sons característicos semelhantes a roncos; o agogô, formado por campânulas de ferro que produzem notas distintas; o reco-reco, que adiciona ritmo com sua raspagem; o pandeiro, que complementa com seu som vibrante; e o prato, que contribui com acentos e brilho à apresentação. Na bateria da Igrejinha, um instrumento destacava a ancestralmente: o atabaque.

Luana conduzindo junto ao Mestre Marcus a bateria Absoluta. Foto: Aly FreitasLuana conduzindo junto ao Mestre Marcus a bateria Absoluta. Foto: Aly Freitas

Em meio à bateria, o instrumento africano produziu um dos momentos mais marcantes da apresentação da bateria da Igrejinha, que já é conhecida por sua forte energia sob o comando geral do Mestre Marcus Portoni. 

Bateria Absoluta da Igrejinha. Foto: Tero Queiroz Bateria Absoluta da Igrejinha. Foto: Tero Queiroz 

A diretora de bateria, Luana Aguillar, de 31 anos, celebrou a conexão do público com o samba-enredo, pensado para promover uma comunicação sonora. "Este desfile foi um trabalho de um ano inteiro, e eu só tenho a agradecer a todos que se dedicaram para que esse momento fosse possível. Cada detalhe, cada ritmista, cada componente da nossa escola é fundamental para o sucesso da nossa apresentação. E poder enaltecer a história negra da nossa cidade por meio da bateria é uma realização profissional e pessoal", declarou Luana em entrevista ao TeatrineTV logo após o desfile.

Luana conduzindo a bateria Absoluta. Foto: Tero Queiroz Luana conduzindo a bateria Absoluta. Foto: Tero Queiroz 

Ela ocupa o cargo de diretora de bateria há dois anos, mas começou na escola há quase três décadas. “Estou na escola desde que tinha 4 aninhos de idade, então vai fazer 27 anos que vivo a Igrejinha. E viver hoje isso foi incrível”, disse.

Luana revelou a emoção e o orgulho de estar à frente de uma das funções mais importantes da escola, depois de uma formação completa. “Comecei nas alas infantis e, com o tempo, fui ganhando espaço e responsabilidades. Trabalhei como assistente e, hoje, sou diretora de bateria, juntamente com o mestre Marcos”, explicou.

Homenagem a Furnas do Dionízio oportunizou à bateria uma imersão na ancestralidade do povo negro. Foto: Tero Queiroz Homenagem a Furnas do Dionízio oportunizou à bateria uma imersão na ancestralidade do povo negro. Foto: Tero Queiroz 

Além de abordar a luta negra pela terra, agricultura familiar e ecoturismo, também pôde, neste desfile, abordar temas sociais, já que, em quase três décadas no carnaval campo-grandense, vê pouca representação feminina à frente de baterias. “Ser mulher nesse cargo é algo extremamente significativo para mim, porque ainda são poucas as mulheres ocupando essa posição, principalmente aqui em Campo Grande. É uma grande responsabilidade, mas também uma enorme emoção. A cada desfile, sinto o peso dessa função, mas também a gratidão por poder representar a força da mulher no samba”, completou Luana. VEJA AQUI A COBERTURA FOTOGRÁFICA DO DESFILE DA IGREJINHA.  


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Tags: Campo Grande, Comunidade Quilombola de Furnas do, Igrejinha, Liberdade e Conquista de Um, Luana Aguillar

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