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HIP HOP E LGBTQIAPN+

Mantendo protagonismo preto local, Afronta vira festival de 2 dias  

Além de atrações regionais, festival terá shows de Leci Brandão, DJ Nyack e Je Black

Por TERO QUEIROZ • 19/09/2024 • 10:46
Imagem principal Palco da 5ª Afronta Pretinhosidade, montado na Praça do Preto Velho, em 2023. Foto: Tero Queiroz

O Festival Afronta acontece na Cufa, no São Conrado e na Rua 14 de julho, com oficinas no Centro Cultural José Octávio Guizzo, de 20 a 21 de setembro de 2024. Toda a programação é gratuita.

A ação cultural, que surgiu em 2022, evoluiu para um festival independente, promovendo visibilidade a artistas pretos e das culturas Hip Hop e LGBTQIAPN+.

Em 2023, a equipe do TeatrineTV registrou a Afronta 'Pretinhosidade' (5ª edição) que aconteceu num sábado (25.nov.23), onde mais de 40 artistas campo-grandenses se apresentaram na Praça do Preto Velho na Capital de MS.  

De acordo com uma das organizadoras, Jéssica Cândido, as edições foram uma maturação do desejo de se tornar um festival. "Afronta sempre foi um evento que surgiu com intuito de ser um festival. Nós começamos com edições até a gente conseguir se tornar o festival com muito trabalho, muito esforço. Conseguimos fazer o festival porque corremos atrás, foi quase um ano correndo atrás, de parcerias de material para levar nosso evento. Reuniões, encontros e a partir disso conseguimos nos firmar enquanto festival", explicou Jéssica.

A programação da do Festival Afronta seguirá por dois dias: no dia 20, a CUFA recebe a roda de samba com Sarará Kriolo e DJ Lattyna. No dia 21, a programação inclui oficinas e shows com artistas renomados como Leci Brandão e Ilê Megemulebaonã. Leia a programação completa abaixo

Nego Max canta com o público no gramado da Praça do Preto Velho, em 2023, durante a 5ª Afronta Pretinhosidade. Foto: Tero Queiroz Nego Max canta com o público no gramado da Praça do Preto Velho, em 2023, durante a 5ª Afronta Pretinhosidade. Foto: Tero Queiroz 

A organizadora destacou que mesclar artistas nacionais e regionais é uma característica da Afronta, que, no entanto, trabalha para equiparar os protagonismos. "Na última edição, a gente também trouxe a atração nacional, que foi o Nego Max, e eu acho que atrações nacionais são importantes, ainda da forma como a gente traz, de forma gratuita. Então, a gente democratiza o acesso... As atrações regionais e as atrações nacionais não têm que entrar uma em detrimento da outra, tanto que estamos trazendo diversos artistas daqui da nossa cidade, e também tem artista do interior e outras três atrações nacionais. Então, acho que é uma mescla, mesmo, trazer essa acessibilidade para as pessoas", disse.

Atrações locais e nacionais do Festival Afronta. Atrações locais e nacionais do Festival Afronta. 

Conforme Jéssica, ao oferecer uma atração nacional gratuitamente, a Afronta garante o acesso artístico-cultural aos diversos públicos. "Eu acho que isso é um papel muito importante, trabalhando com acesso e democratização da cultura".

A Afronta nasceu de uma desejo de dar protagonismo ao artista local, e mesmo virando um festival, Jéssica garante que isso se mantém. "A Afronta mantém o protagonismo local, temos 'Karla Coronel', 'Silveira', 'DJ Gabis', 'Vadios67', 'Suburbanas', 'Sarara Kriolo', 'DJ Latina', 'Ilê Megemulebaonã', 'Isso é Ballroom' com várias houses, né? Conseguimos colocar diversas houses com representações para fazer o momento 'Isso é Ballroom MS' então, acho que conseguimos sim, com toda certeza. Dando acesso para as pessoas com uma boa estrutura, isso num festival independente, contando com diversas parcerias alcançadas graças ao nosso trabalho e nosso histórico também. Então, tenho a plena certeza de que continuamos sim. Além disso, trazemos shows nacionais de pessoas negras e muito importantes também na cena cultural do Brasil. Então, acho que a gente está conseguindo fazer da forma que a gente sempre planejou". 

O protagonismo do artista negro também é uma das fortes características, que Jéssica disse que se mantém. "Com certeza estamos mantendo o protagonismo negro dentro da cidade, e a gente conseguiu também chamar a DJ Gabis, que é de Dourados. E é isso, estamos fazendo o nosso melhor com toda a nossa honestidade e trabalho duro. A oficina de Charme foi uma demanda que as pessoas ficaram muito felizes mesmo. O Je Black é alguém muito conhecido, reconhecido e valorizado no Rio de Janeiro. Tivemos quase 90 inscrições. Então, trazer uma oficina de graça, com esse protagonismo, isso é muito representativo e muito importante. Dentre todas as inscrições, foram oitenta e poucos por cento de pessoas negras, então isso é muito impactante, assim, mostra que a gente está no caminho que almejou e planejou; está dando tudo certo". 

TRABALHO E HONESTIDADE

Galeria: Imagens marcantes da 5ª Afronta Pretinhosidade realizada na Praça do Preto Velho em 2023 em Campo Grande. Fotos > Tero Queiroz

Para fazer a Afronta acontecer há seis edições, Jéssica revelou que é preciso um empenho contínuo: "Todo o corre que a gente faz, independente, que nós não temos parcerias fechadas, não temos alguém que nos apoie todo ano, a gente corre atrás, leva nossa identidade, nossa característica, nosso comprometimento, nosso trabalho e, a partir disso, conseguimos apoio. Então, é um trabalho de formiguinha mesmo".

Jéssica Cândido ao microfone. Foto: Tero QueirozJéssica Cândido ao microfone. Foto: Tero Queiroz

Ao passo que o Afronta consegue se tornar um festival, o que sempre foi seu desejo, Jéssica conta que os trabalhos para fazer a ação cultural acontecer também cresceram em relação as edições passadas. "A grande diferença, acho que de maneira prática e direto ao ponto, é que a gente tem trabalhado mais. Então, a cada edição da Afronta, estamos trabalhando mais. Sabe? Muito mais! Então, nesses últimos 3 meses, estamos todos os dias intensamente com essa produção. Começamos no ano passado a mexida para essa Afronta deste ano, mas nos últimos três, quatro meses, assim: intensivão. Ficar acordado até de madrugada, acordar muito cedo, final de semana, feriado. Então, é isso, o trabalho aumentou. Para a gente conseguir levar um festival para a rua, gratuito, com todas as logísticas e pagando as pessoas, né? Então, o trabalho aumentou".  

Questionada se acredita que o apoio oferecido pelo poder público e a quantidades de parcerias conquistadas nessa edição é 'o ideal', Jéssica ponderou: "Não sei se é o ideal. Eu acho que o ideal é as coisas serem um pouco menos complicadas, mas a gente, nesse momento, gosta de frisar e ficar feliz com o resultado, porque o trabalho foi muito intenso, tem sido muito intenso e o pós também vai ser muito intenso. Então, a gente gosta de ficar feliz com o resultado de tudo aquilo que a gente conseguiu fazer".

Jéssica comentou que a integração entre artista e público, na sua avaliação, é impulsionada pelos bastidores dos festivais. "Eu acho que a melhor união entre o público e as atrações é você ver que está tratando bem o artista, está oferecendo o máximo que consegue de estrutura e oportunidade, e ver que o artista sobe no palco feliz, oferecendo o melhor do seu trabalho, porque foi oferecida uma boa estrutura para ele". 

Trabalhando de olho na democratização e com compromisso sempre, assim Jéssica disse que a Afronta conseguiu 'virar festival'. "Quando você leva um evento gratuito para a rua e para a quebrada porque temos dois dias de festival, um dia na CUFA e outro na 14 então acho que a união acontece de maneira muito orgânica. Isso é democratizar o acesso à cultura, isso é necessário. Então precisamos de meios, políticas públicas e apoio às pessoas que promovem eventos, oficinas, festivais, encontros que promovem arte e cultura de graça para as pessoas. Precisa ter incentivo, ter visibilidade, ter reconhecimento. E a gente faz isso, e a gente tem feito isso com as nossas mãos. Levando o nome do nosso festival e tudo que a gente tem construído até hoje com muita responsabilidade, comprometimento e honestidade. Isso tem surtido efeito. Então não foi 'do nada' que nós viramos um festival, foi com muito trabalho". 

OS TRÊS NACIONAIS

Uma das grandes atrações do Festival Afronta, que se apresentará na noite de 21 de setembro na 14 de julho, é Leci Brandão.

A artista nasceu em Madureira em 1944 e cresceu em Vila Isabel. Em 1972, ela se tornou a primeira mulher a integrar a Ala de Compositores da Mangueira.

Com mais de 40 anos de carreira, Leci lançou 25 álbuns. Ela também se destacou como comentarista dos desfiles das Escolas de Samba do Rio e São Paulo de 1984 a 2010.

Reconhecida no Carnaval, Leci foi homenageada pela Mangueira e pela Vai-Vai. Ela é uma referência no samba e na cultura popular.

Outra grande personalidade nacional que compõe a programação do festival é Fernando Carmo da Silva, conhecido como DJ Nyack.

Ele é um dos DJs mais requisitados da cena contemporânea. Nyack, em Iorubá, significa "Aquele que tem forte ouvido, o que nunca desistirá" e desde 2003 é destaque na música preta e o estilo streetwear.

Nyack já abriu shows para artistas internacionais como Lauryn Hill e Erykah Badu, além de grandes nomes brasileiros como Emicida e Mano Brown.

O 3º artista nacional, Je Black, natural do Rio de Janeiro, convidado pela Afronta ministrará a oficina de 'Charme'. 

Ele possui cinco anos de experiência na dança Charme e é o fundador da CharmePro. A escola oferece uma didática que visa incluir alunos sem experiência prévia, com foco na aprendizagem da dança.

Desde sua criação, a CharmePro impactou mais de 190 mil pessoas. A proposta da escola é promover uma conexão entre os alunos e a dança, utilizando o Charme como meio de interação social.

As inscrições para oficina já encerram. A oficina ocorrerá no Centro Cultural José Octávio Guizzo, localizado na Rua 26 de agosto, 453, das 9h às 11h.

APOIO

Com uma proposta de inclusão e diversidade, o festival é co-realizado pela Associação das Mulheres das Favelas de Mato Grosso do Sul e conta com o apoio apoio da Kenner, da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (SETESC), Secretaria de Cultura e Turismo da Capital (Sectur), Labareda Boutique, Ítalo Massas e Pizzas, Capivas
Cervejaria, Copo Bar e Restaurante e Pizza Pub.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO FESTIVAL AFRONTA

DATA E LOCAL

  • 20 de setembro de 2024
    • Local: CUFA;
      Endereço: Rua Livino Godoy 710, São Conrado;
      Horário: 18h às 00h.
    • Programação (LINE UP):
      • Roda de Samba com Sarará Kriolo;
      • DJ Lattyna.
  • 21 de setembro de 2024

  • Local: Centro Cultural José Octávio Guizzo;
    Endereço: Rua 26 de Agosto, 453.

    • Oficina de Charme:
      • Com Je Black (RJ);
      • Observação: Inscrições pelo link na bio do Instagram da @afronta.prod (limite de 30 vagas).
    • Local: Rua 14 de Julho, Centro;
    • Horário: 15h às 00h.
    • Programação (LINE UP):
      • Ilê Megemulebaonã (Dourados);
      • Silveira;
      • Karla Coronel;
      • Vadios67;
      • Suburbanas;
      • Leci Brandão (SP);
      • Isso é Ballroom MS;
      • DJ Gabis;
      • DJ Nyack (SP);
    • Apresentação: Jéssika Rabello e CJ.

Ficha Técnica do Festival Afronta:

  • Produção: Jéssica Cândido (Jéss) e Camila Maiara;
  • Audiovisual e Comunicação: Muriel Xavier;
  • Assistentes de Produção: Kaio Spinola, Gabriel Oliveira, Lua Maria.

 


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Tags: #Cufa, Festival Afronta, Jéssica Cândido, Leci Brandão, Rua 14 de julho, Sarará Kriolo

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