O Teatro Imaginário Maracangalha percorrerá o bairro Jardim São Conrado entre o sábado (18.mar) e domingo (16.abr). Depois, as ações seguirão para o Jardim Noroeste, como parte do projeto ‘Maracangalha de Pé na Rua’, que levará oficinas, intervenções e apresentações de espetáculos profissionais de teatro de rua gratuitamente a essas regiões.
Para o diretor-fundador do grupo, Fernando Cruz, o principal objetivo do projeto é chegar até as regiões mais afastadas do centro da cidade. “Fomentar a arte e cultura dentro da comunidade é uma forma de dialogar e trazer uma reflexão social com a população. Muitas vezes, as comunidades não têm acesso fácil ao centro da cidade para consumir cultura, e estar inseridos nela, é um papel transformador social também”, introduziu o diretor.
Fernando acredita que estar na rua é o mais importante para o grupo neste momento. “Principalmente pós-pandemia, onde há uma carência de políticas públicas voltadas também para a área cultural dentro destas comunidades”, explicou.
O projeto foi financiado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro (FOMTEATRO-2021) e tem parceria com a Central Única das Favelas (CUFA-MS) e Associação de Moradores do Jardim São Conrado. Neste sábado (18.mar), as atividades iniciam no Jardim São Conrado, onde permanecem por quatro semanas, até seguir para as comunidades “Estrela da Manhã’ e ‘Associação Amigos de Maria’, ambas no Jardim Noroeste.
OS ESPETÁCULOS
De acordo com Fernando Cruz, todas as produções que fazem parte do projeto, dialogam com a realidade e trazem a reflexão sobre a sociedade e suas “evoluções”.
O espetáculo "Areôtorare", trata da desigualdade de gênero, a condição dos moradores de rua e permeia o impacto ambiental. Nele, o grupo explora a poesia de Lobivar Matos que reflete a memória ancestral do povo preto presente no Pantanal.
Já na Tragicomédia de Dom Cristóvão e Sinhá Rosinha, a adaptação do texto do dramaturgo Federico García Lorca debate a opressão e controle da mulher perante a sociedade.
O espetáculo Miragens do Asfalto é um trabalho documental baseado em memórias escritas e registros dos trabalhadores do Noroeste do Brasil. Todas as relações afetivas, a luta do sindicato e a construção da cidade em meio a ferrovia. A reflexão, nesta obra, acontece quando o grupo fala na linguagem dos trabalhadores, sobre os valores das famílias, desde casamento, amor, festas, e toda a memória afetiva da construção social destas pessoas, trazendo a pauta do valor humano na construção de um lugar.
A intervenção premiada ‘Ferro em Brasa’ é uma colagem da carta de Pero Vaz de Caminha com poemas de Oswald de Andrade, cartas de Frei Bartolomé de Las Casas e recortes de jornais, onde é abordado o impacto da invasão das terras indígenas desde 1.500.
O espetáculo documental Tekohá, narra a batalha do líder guarani Marçal de Sousa e sua resistência histórica na luta pela terra e direitos dos povos indígenas. Por fim, o Cortejo Cenopoético CAPETIM explora a poesia brasileira dentro de músicas autorais.
O Imaginário Maracangalha é composto pelos artistas Fernando Cruz, Fran Corona, Moreno Mourão, Paulo Augusto, Pepa Quadrini, Ariela Barreto e Rodrigo Nantes. A produção é de Ana Capilé.
PROGRAMAÇÃO - BAIRRO SÃO CONRADO
1º Final de semana
18/03 - Sábado
15h - Intervenção de Rua - Cortejo Cenopoético CAPETIM
19/03 - Domingo
18h - Espetáculo de Teatro de Rua - Tragicomédia de Dom Cristóvão e Sinhá Rosinha
2º Final de semana
25/03 - Sábado
09h às 12h - Oficina de Teatro de Rua
15h - Intervenção de Rua - Ferro em Brasa
26/03 - Domingo
18h - Espetáculo de Teatro de Rua - Areotorare - O Verbo Negro e Bororo do Índio Profeta
3º Final de semana
01/04 - Sábado
09h às 12h - Oficina de Teatro de Rua
18h - Espetáculo - Tekohá - Ritual de Vida e morte do Deus Pequeno
4º Final de semana
15/04 - Sábado
09h às 12h - Oficina de Teatro de Rua
15h - Intervenção de Rua - Criação coletiva com a comunidade
16/04 - Domingo
17h - Espetáculo - Miragens do Asfalto
18h30 - Seminário Arena Aberta: A Periferia é o Centro
SERVIÇO
As ações acontecem ao lado do CRAS São Conrado, na rua Livinio Godoy, 710, em Campo Grande (MS).