A coletiva 'De Trans para Frente' estreia o espetáculo 'Culto das Travestis', nos dias 30 e 31 de agosto, e em 1º de setembro de 2024, sempre às 19h30, na Armazém Cultural, em Campo Grande (MS).
Esta será a primeira apresentação da coletiva, que se destaca como a primeira companhia composta exclusivamente por artistas trans e travestis em Mato Grosso do Sul. A entrada é gratuita, mas os ingressos devem ser retirados no Sympla.
Fundada há cerca de dois anos e dirigida por Emy Mateus Santos, a companhia é formada pelas artistas Yara Maria, Gal Guilherme Garcia Talento-Vendaval, Kiara Kido e Maia Gauna, além do fotógrafo e videomaker trans Kaique Andrade, responsável pelas produções audiovisuais.
O projeto cultural 'Culto das Travestis' foi contemplado com R$ 21.700,00 em edital da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura (MinC), gerenciado pela Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), da Capital. Eis a íntegra. Em razão do pequeno valor oriundo do edital, para fazer o espetáculo nascer a coletiva teve que buscar apoio coletivo por meio de vaquinha virtual.
Em um release enviado à imprensa, Emy detalhou que nesse trabalho profissionais buscam apresentar ao público algo que se distancia das convenções teatrais tradicionais, oferecendo uma experiência performática imersiva.“Culto das Travestis não é apenas um espetáculo; é uma investigação e experimentação da expressividade corporal, influenciada pelos estudos da educação somática e práticas contemporâneas. O projeto propõe uma reflexão sobre a identidade e a visibilidade das pessoas trans e travestis, subvertendo as normas sociais e desafiando as ideias preconceituosas sobre o que significa ser transvestigênere”.
A estrutura do espetáculo é descrita como um culto, dividido em xaxos (rituais) que exploram a travestilidade como uma poética cênica, enriquecida pela cultura ballroom. Os xaxos incorporam elementos de ritos e cultos, sejam eles religiosos ou não, e são projetados para criar um ambiente acolhedor, dançante e político. A proposta é que o público se envolva ativamente, participando de uma experiência sensorial completa que mistura ritmos, sons, cheiros, gostos e sensações.
A performance pretende superar a divisão tradicional entre público e espectador, incentivando uma participação ativa que proporciona uma dimensão sensorial autêntica.
De acordo com as idealizadoras, o espetáculo buscará também reconstruir um imaginário coletivo para as identidades trans e travestis, enfatizando o cuidado e a ética como princípios centrais tanto na cena quanto na vida cotidiana. "A escolha da Plataforma Cultural da Esplanada Ferroviária como local para a estreia é simbólica, oferecendo um espaço que, assim como o espetáculo, se propõe a ser um ponto de encontro e celebração da diversidade e da expressão artística", destacam. Eis um vídeo promocional:
Para Emy e a coletiva “De Trans para Frente”, "Culto das Travestis" representa mais do que uma performance. “É um ato de resistência e afirmação da presença e potência das identidades trans e travestis na cena cultural e na sociedade como um todo”.
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